Trânsito é um espelho: o que ele mostra sobre quem somos?

Outro dia, parado num congestionamento, vi um carro tentar furar o engarrafamento pela calçada.

Dois segundos depois, outro foi atrás. Em menos de um minuto, três carros ocupavam o espaço onde deveriam estar pessoas caminhando.

A primeira coisa que pensei foi:
“Se fosse só pela pressa, a gente se entenderia. Mas ali era outra coisa. Era o ‘eu posso’ falando mais alto que o ‘isso afeta alguém’.”

E aí me veio uma pergunta:
👉 O trânsito mostra quem a gente é?

O volante parece um objeto técnico, mas ele é também um amplificador de caráter.
É ali que saem os gritos, os fechadas, os “só hoje”, os “ninguém tá vendo”.
Mas também é ali que surgem os acenos de desculpa, a gentileza de ceder a vez, o cuidado de manter distância.

📍 O trânsito é onde as nossas emoções têm consequência física.

E se a gente olhar com calma, vai ver que o trânsito não é só um problema de mobilidade, mas um espelho de convivência social.
Mostra o quanto respeitamos regras quando ninguém está fiscalizando.
Mostra o quanto aceitamos esperar quando não tem vantagem imediata.
Mostra o quanto entendemos que “ir de A até B” não é uma corrida, mas um compartilhamento.

💡 Trânsito também é empatia.
É saber que quem tá de moto sente medo.
Que quem tá a pé já perdeu gente querida.
Que quem tá dirigindo pode estar cansado, ansioso ou aprendendo.

Por isso, quando me perguntam sobre segurança no trânsito, eu respondo:
Quer melhorar o trânsito? Começa melhorando a forma como você trata o outro.

Menos buzina, mais diálogo.
Menos “o certo sou eu”, mais “o que podemos fazer melhor juntos?”

Porque no fim das contas, trânsito é sobre gente.
E gente que se olha, se respeita e se importa... dirige diferente.